quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Células-tronco e o primeiro teste aprovado pelo FDA

O FDA autorizou essa semana o primeiro teste mundial de células-tronco embrionárias em seres humanos. A empresa Geron Corporation, com apoio da Universidade da Califórnia, poderá dar prosseguimento ao teste preliminar em pacientes com lesão na medula espinhal.

Aqui no Brasil, os tratamentos com células-tronco são feitos apenas em grandes centros de pesquisa,como o Instituto do Coração - SP, Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras - RJ, entre outros, onde são abordadas as cardiopatias chagásicas (decorrente da doença da Chagas), o infarto agudo do miocárdio, a cardiomiopatia dilatada e a doença isquêmica crônica do coração. Como a terapia utiliza células-tronco autólogas, o estudo não sofre influência da Lei de Biossegurança, recém-aprovada no Senado. Além dessa grande pesquisa, o Brasil está investindo em terapia com células-tronco voltada a outras doenças, como é o caso da distrofia muscular, esclerose múltipla, câncer, traumatismo de medula espinhal, diabetes etc.

 
Entenda mais sobre células tronco

• Células-tronco: dividem-se em embrionárias e adultas. As embrionárias são encontradas em embriões humanos de até 5 dias e têm o poder de se transformar em praticamente qualquer célula do organismo. Sua maior vantagem é essa versatilidade. Desvantagens: são difíceis de cultivar e controlar em laboratório e despertam polêmica, pois sua obtenção implica destruição de embriões humanos. As células-tronco adultas já foram identificadas em vários órgãos (medula óssea, pele, cérebro). Não têm a mesma versatilidade das embrionárias, pois podem dar origem a um número limitado de tecidos, mas são mais fáceis de obter e de controlar. São usadas em testes clínicos no Brasil e em outros países.


• Células precursoras: são encontradas em alguns órgãos e sua função natural é repor aquelas que morrem e se gastam com o tempo. São mais limitadas do que as células-tronco adultas, já que dão origem somente a células idênticas a si mesmas. Ou seja, uma célula precursora de bexiga só pode ser usada para a eventual reparação de uma bexiga. Não se sabe ao certo em que órgãos podem ser encontradas e sua identificação é difícil. Fonte: Veja

Sites com informação sobre células tronco

Terapia celular: www.terapiacelular.org.br

"É produzido por profissionais ligados à área da saúde (médicos, farmacêuticos, biólogos, enfermeiros, biomédicos), pesquisadores de instituições públicas e privadas, com ampla experiência nas áreas de pesquisa e desenvolvimento no campo da terapia celular. Um dos objetivos é informar sobre o andamento dos estudos de células-tronco."

Rede  Nacional de Terapia Celular: www.rntc.org.br

"A Rede é formada por oito Centros de Tecnologia Celular localizados em cinco estados brasileiros e por 52 laboratórios selecionados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde. O principal objetivo é aumentar a integração entre os pesquisadores de todo o Brasil e facilitar a troca de informações em relação às pesquisas com células-tronco realizadas, gerando conhecimento científico e competência tecnológica na área da medicina regenerativa."

Laboratório Nacional de Células-tronco Embrionárias - Rio de Janeiro (Lance-RJ): http://www.lance-ufrj.org

"No site você poderá ler sobre a biologia das células-tronco pluripotentes, novidades na área, informações sobre o grupo do professor Stevens Rehen".

Associação Brasileira de Engenharia de Tecidos e Estudos das Células-Tronco: http://www.abratron.org.br

"A Abratron se dedica ao tema da Biotecnologia na Saúde, reunindo os diversos profissionais e pesquisadores relacionados à engenharia de tecidos, biomateriais, órgãos artificiais e estudos de terapias celulares, principalmente aquelas que utilizam células-tronco. A proposta é unir recursos humanos, tecnológicos e financeiros para estimular o progresso científico visando aliviar o sofrimento dos pacientes com novas e reais possibilidades de tratamento."  Fonte: Correio Brasiliense

Matéria publicada em 01/08/2010

Fonte: Tecnologia da Informação e Medicina
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Biossegurança: erros e acertos

A lei de Biossegurança completou, on­­tem, 5 anos de vigência no Brasil, de­­pois de ter sido sancionada pelo presidente Lula. Projeto polêmico, por envolver questões éticas, morais e científicas ao mesmo tempo, permaneceu dois anos em discussão e tramitação no Congresso. O país já possuía uma legislação anterior a esse respeito (Lei 8.794/95), aprovada pelo presidente Fer­­nando Henrique Cardoso. Mas, como era adaptada da legislação europeia, não refletia a realidade brasileira.

A lei de Biossegurança em vigor estabelece as normas e mecanismos de fiscalização que regulamentam atividades que envolvam organismos geneticamente modificados e seus derivados. Abrange desde o cultivo de alimentos transgênicos e a engenharia genética, até as pesquisas com células-tronco embrionárias. Mas de que forma esta lei vem contribuindo para me­­lhorar a vida dos brasileiros?

A regulamentação do cultivo e comercialização de alimentos transgênicos possibilitou um grande avanço na produção agrícola brasileira. Além de ser o pioneiro em pesquisas transgênicas, o Brasil transformou-se em terceiro maior produtor nesse segmento, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina. A produção nacional de grãos da safra 2009/2010 deve chegar a 143,09 milhões de toneladas. O volume colhido deverá ser 5,9% superior aos 135,13 milhões de toneladas da safra passada. Em grande parte, esses resultados são possíveis graças a essa nova tecnologia.

A produção dos alimentos transgênicos em larga escala beneficia o consumo humano, pois é menos onerosa e isso a torna mais acessível a toda a população. Uma planta com maior teor de nutrientes pode saciar a fome e trazer benefícios à saúde. Em vários casos, esses alimentos apresentaram mais vantagens, com alto teor de vitaminas. Além disso, a manipulação genética de plantas é relativamente simples e fácil, pois a partir de uma única célula se pode obter outra planta. E isso está acontecendo no Brasil.

Esse, contudo, não é um caso encerrado. Assim como não há ainda bases científicas sobre a segurança total desse tipo de alimento, tampouco existem sobre riscos que ele ofereça. Dessa forma, o importante é garantir o amplo direito à informação e também o direito do consumidor à escolha do que é melhor consumir. Ao mesmo tempo, o incentivo à continuidade das pesquisas na área transgênica é essencial para que todas essas e outras possíveis dúvidas sejam dirimidas.

Sobre a questão das células-tronco embrionárias, a lei mantém a sociedade dividida. Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha decidido, no fim de maio de 2008, que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violavam “o direito à vida” tampouco a “dignidade da pessoa humana”, grande parte da sociedade brasileira não compartilha dessa decisão. Em uma frase: negar que o embrião é um ser vivo é o mesmo que exigir como prova de vida a consciência e o funcionamento cerebral. É claro que as pesquisas com células-tronco representam uma esperança àqueles que dependem de novos tratamentos para se recuperar de doenças degenerativas. Mas, para isso, temos as pesquisas com células-tronco adultas, que até hoje foram as únicas a apresentar resultados concretos. Além disso, será que vale a pena salvar uma vida ao custo de outra, mesmo que seja a de um em­­brião que ainda não foi instalado no útero da mãe? A lei se equivoca nesse sentido.

No marco dos cinco anos dessa norma, uma séria reflexão sobre os erros e acertos da biossegurança no país é o melhor que pode ser feito em respeito às crenças e à vida de todos os brasileiros.

Publicado em 25/03/2010

Fonte: Gazeta do Povo





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